terça-feira, agosto 29, 2006

Expedição aos Picos de Europa

Para um verdadeiro betetista, a expedição que a Airbike efectua todos os anos aos Picos de Europa, é a realização absoluta. Esta zona é uma das reservas naturais espanholas mais protegidas, pela sua fauna, flora e com uma tipologia de terreno única no mundo.
Posada de Valdeón,uma aldeia situada num vale de beleza indescritivel, no coração do maciço central, foi o local escolhido para nos acolher nos passados dias 21,22 e 23 de Julho.
Após 10h de viagem e algo cansados, chegámos a Posada de Valdeón, onde aproveitámos logo para retemperar as forças com o almoço para de seguida nos dirigir-mos ao local onde ficámos hospedados. Um Centro de Turismo Rural constituido por um edificio central e diversos bungalows por onde ficámos espalhados. Depois dos sacos arrumados nas casas foi tempo para uma divertida "peladinha" e para uns optimos mergulhos na piscina. À noite depois do jantar, não houve noitada para ninguem, só xixi-cama.
No dia seguinte a alvorada estava marcada para as 6h30(hora espanhola), mas não foi necessário, pois a ansiedade era tanta que já estavam todos prontos, com o peq.almoço tomado e com as mochilas arranjadas. Antes da partida reuniu-se o grupo para um briefing e para a habitual foto de familia. E eis então que é chagado o momento mais aguardado por todos..... o inicio do passeio.
Às 7h30, iniciou-se o passeio a partir do Centro de Turismo Rural Picos de Europa em Posada de Valdeon. Serpenteámos pelas ruas estreitas da aldeia em direcção ao sigletrack de 2,5kms que nos levava ao Miradouro "Del Tombo". De seguida, tomávamos uma vertiginosa descida por estrada em direcção a Cain, com uma ligeira paragem no "Chorco de los lobos", que é uma armadilha para lobos desactivada e transformada em monumento.
Em Cain, entrámos na Garganta de Cares - os relógios marcavam 8h00. Se até aqui, a paisagem era fora de série, a adrenalina subia ao máximo com a travessia da Garganta com cerca de 9kms, em que o caminho tinha sempre menos de 2 metros de largura. A concentração tinha de estar ao máximo, pois o precipício era mortal Às 10h00 saímos da Garganta e faziamo-nos à mais longa subida do percurso, cerca de 21kms, sendo os primeiros 11, em estrada. Ao primeiro km, o Abilio, com a sua potência no máximo, partiu o desviador traseiro, sendo imediatamente montado um novo para seguirmos viagem. Embora a subir, o esforço era atenuado pela beleza da paisagem. Aqui percebiamos porque é que chamam a esta serra, a "Suiça Ibérica". Os 2,5kms finais desta parte eram demolidores, em que a subida tinha cerca de 25% de inclinação. Para contrastar com a subida, e depois de passarmos por uma zona de pastagem com uma paisagem paradisiaca, a lembrar os filme da "Heidi" à 30 anos atrás, tinhamos 6,5kms de descida, grande parte dela com cerca de 25 a 30% de inclinação.
Em Espinama, parámos numa estalagem, onde por norma costumamos parar, a dona muito simpática, reconheceu-nos dos anos anteriores. Ali, "morfámos" umas típicas sandes de presunto e bebemos umas coca-colas ou até cerveja para alguns, para desenjoar das barras energéticas. No final, despedia-se a senhora em castelhano: "... até para o ano!..."
Com algum custo, pois o cansaço já fazia mossa, iniciámos a marcha com a subida de 3,5kms por estrada, para Fuente Dé, cuja atracção é o teleférico que com cerca de 1000mts de cabo se eleva e transporta passageiros durante 800mts de altitude. A partir daqui, iniciávamos a parte mais dura do passeio - 8 kms de subida para o nosso ponto mais elevado, 1770mts.
Com o cansaço de mais de 60kms duros, cerca das 18h00 chegaram os últimos elementos do grupo à Horcada de Valcavao, o final desta subida.De repente, e depois de recuperadas as forças, o Alexandre informa:- Meus senhores, a partir daqui, são 12kms sempre a descer até ao final deste passeio...... e de repente toda a dificuldade passada e cansaço, foi esquecido...Nesta parte, os 3kms iniciais eram feitos em estradão com algumas lombas, que permitiam saltos espectaculares, e os restantes eram feitos em estrada, em que se atingiram velocidades na ordem dos 60 a 64 kms/hora.
Pelas 19 horas, chegámos a Posada de Valdeon, a satisfação era enorme, sendo grande a emoção entre todos os participantes, pois o sentimento estava à flor da pele, algo dificil que fora feito, e atrevo-me mesmo a dizer - um passeio que não é para todos. Extremamente belo e único.
Para terminar o passeio da melhor maneira e mais relaxados houve lugar a mais uns mergulhos na piscina. A caminho do restaurante houve tempo para comprar os habituais recuerdos para a familia. Depois do jantar reunimo-nos junto aos bungalows até as tantas da manhã sempre em grande animação.
No domingo também nos levantá-mos cedo para nos fazer-mos à estrada até casa mas por um caminho diferente de modo a ficarmos a conhecer outros locais nos Picos de Europa. A viagem foi feita sem qualquer precalço e chegámos todos bem a casa e com um sentimento comum..... regressar aos Picos de Europa o mais breve possivel.